" Inexplicavelmente "
A minha alma chora, muda,
tudo me atormenta,
tudo me afasta para bem longe de ti,
um frio inexplicável,
que nem sei de onde nasceu,
corro para um abismo
que mais parece um sismo, violento, meu,
onde tudo abala, tudo perde o encanto,
e a vida pára por um instante, num canto,
como se o tempo tivesse secado, o meu rio,
num verdadeiro deserto, este o meu...
Debruço-me no tempo,
como campos vazios à espera que o vento
leve este atrofio, que está por um fio, louco,
deste coração que arde de dor, de sufoco,
num verdadeiro motim, que sofre em silêncio,
nesta ilusão sem fim, amordaçada por um lenço,
num sonho que morre assim, à beira mar sentado,
perdido, por simplesmente amar, sem ser amado...
A vida parece uma lança,
num punhal que é mudo e ataca sem aviso, numa dança,
quando os ventos mudam repentinamente
a ferida é grande, tão grande, certamente,
que forma um rio de sangue, talvez virtual,
que nos mata sem morrermos,
que nos afoga sem sofrermos...
-------------------------------------------------
" A voz do meu silêncio "
O silêncio das aves a voar
é como se o tempo parasse,
ai se o vento falasse
nunca mais parava de discursar,
ai o silêncio que nos consome
que não se liberta num grito de dor
nem transborda a raiva,
pois está preso nos confins da alma
em que é o silêncio que fala,
é um estado de espírito da alma
talvez uma paz interior,
que jamais se irá desenhar no exterior...
Ai o silêncio
das noites em branco
imaculadas de encanto
à janela a observar o mundo,
e ao admirar as estrelas do céu
qual não é o meu espanto
quando oiço a voz do silêncio
a voz da minha alma
a voz do meu silêncio...
Ali estava eu sem palavras,
especado a olhar para o céu estrelado
mudo como as flores,
seco como o deserto,
em silêncio para o mundo exterior
ouvindo a voz do meu silêncio
que penetrava na minha mente
como palavras imaculadas e sem som
que me levavam para bem longe, para muito longe,
para um lugar onde as palavras são mudas
onde se sente o Ser, sonhando,
era o silêncio que falava, não falando
era a voz do meu silêncio que ia suspirando...
-------------------------------------------------------
“ Lágrimas “
Sentir o brilho nos olhos
é como um abrigo
que nos regala por momentos
que nos enche de alegria
sobe-se, sobe-se tão alto
como uma ave de rapina
selvagem e sem destino...
Sente-se que o interior mexe e remexe,
bem dentro de nós, bem lá no fundo,
tudo parece voar, é um trapézio sem rede,
deixando-nos atordoados, cedemos à emoção,
que é mais forte que nós,
e ela sabe que vence,
quase sempre que lhe damos atenção...
Quando escorre uma lágrima
tenta-se libertar um sorriso, procurar-se a paz,
num amigo, sente-se o tempo parar, por momentos,
sentindo na amizade, um abrigo,
como se dela precisássemos para viver,
de repente tudo faz sentido...
--------------------------------------------
“ Navegar é preciso “
Quando se pára
queremos arranjar forças
... para lutar e alcançar os sonhos,
tentando procurar as respostas,
às questões do passado, esse que está arquivado
e que transporta aquela dor, ainda não curada,
mas as soluções estão no presente,
sentado à nossa frente …
Navegar é preciso
pois parar pode ser morrer
e olhar para trás
com olhos de dor, é sofrer,
há que saber viver
rejuvenescendo a alma e o espírito
consoante as batalhas da vida
libertando dentro do ser, a alegria,
sentir que navegar é preciso...
Também se deve ancorar
parar no tempo e pensar
porque nem sempre conseguimos
subir a colina da vitória
e nem sempre as forças são justas
para lutar pela memória…
Parar, não martirizar, nem sofrer,
pois isso será matar um pouco de nós,
recuperar o espírito forte
lutar e continuar a caminhar
sempre com os olhos postos
no horizonte na colina da vitória
que queremos todos alcançar
para fazer a nossa própria história...
Sem comentários:
Enviar um comentário